sexta-feira, 13 de maio de 2011

.casa mundo.

Para ela, sua própria casa já era o seu mundo.
O dia começava cedo e sempre igual naquele lugar: um beijo do pai, que saía para trabalhar. O sagrado dele causava preguiça na pequena menina. Depois desse despertar, ficava um pouco na cama, criando enredos para suas novas histórias que seriam traçadas por ela e por seus leais amigos de brinquedo.
Bonecas, ursos, corda, bola. As brincadeiras da menina não tinham fim. Uma se emendava na outra e seu quarto se transformava no palácio. Mesmo ele não sendo o maior cômodo da casa, era nele que, na maioria das vezes, os segredos da menina eram soltos ao vento. O segredo no quarto da casa. O desejo no corpo da menina.
Uma coisa de que sempre gostava era quando os amigos de seu irmão iam visitar o mundo encantado daquela família. A brincadeira preferida: futebol. Foi nesses jogos que a menina acabou recebendo o apelido carinhoso de Ferinha. Em seu corpo, machucados, arranhões, marcas roxas e algumas cicatrizes.
Princesa de chuteira? Talvez... Mas que tinha dificuldades para alcançar a fechadura da porta. Erguia as pontas do pé. O braço totalmente esticado. As pontas dos dedos faziam cócegas na maçaneta da porta.

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